Monday, December 03, 2007

Aquele homem

A semana começa devagar
Pessoas circulam as ruas
Destinos, caminhos e sentidos se cruzam
Vidas distintas se tocam em simples passos
Por um momento, em qualquer lugar

O entrelaçar rege o fluxo que vem de lá pra cá
Entro no ônibus, resisto em sentar
No meio de uma das paradas
Um rosto estranho me fez chorar

Aquele homem parado na minha frente
Sem nenhum dente
Perna em carne viva, vida morta
Pele ferida e aberta
O corpo tomado de lepra

Abatido sobre uma cadeira de rodas
Ninguém o olhava direito
Repulsa humana e preconceito
Era tudo o que ele conseguia atrair

Mas, atrás dele tinha alguém que se compadeceu
Um peito que ao amor, o espaço cedeu
Meu choro quis chegar perto e aliviar sua dor
Então, fechei os olhos ainda molhados
E pedi a Deus que o acompanhasse aonde for

A lição ficou
O que somos nós com tanta perfeição
Mas, sem coração pra amar?
Aquele homem da segunda-feira é a resposta que cala minha semana inteira...

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