Aborto Espontâneo

As pessoas estão cada dia mais insensíveis ou foi o meu amor que me cegou?
Os pensamentos não externam mais a essência de um ego
O julgamento comanda, a unilateralidade bate o martelo e réus fazem réus
Nossas vaidades não têm sequer um “espelho” para se acharem ridículas e contraditórias
Acabou a paciência, empatia, compreensão e tolerância.
O que resta são proprietários de um mundo escroto
Onde impera a “crucialidade” e a ganância.
Seres, ou melhor, monstros que se acham espertos
Mas, como bons analfabetos
São incapazes de ler as entrelinhas
Pessoas meramente cegas que não enxergam os cinzas e sim as cinzas da vida
E sem saber o que é preto e o que é branco
Vivem uma vida embaçada e sem cor
Tudo se confunde, se deforma.Nada mais toma forma
Até minha vontade de viver
Resolvo então, vou morrer
Suicido-me sem culpa, sou redundante, reafirmo
Dou um tiro em mim e tiro minha vida disso
Tento, mas diante mão aviso
Vou na contramão.
Ando depressa, aperto o passo e corro de volta para abraçar um puro amor
Aquele que é um genuíno conhecedor
De desejos não pessoais
Que se embrenha em mundos não carnais
E reconhece que no céu ou no inferno está o seu lugar, aquele que te apraz
Que percorre estradas e cidades
Que a cada metro trazem pessoas feridas, desacreditadas e incapazes.
Descrentes no amor, ninguém mais sente dor
A sensibilidade se escondeu, a vontade se estancou
E assim seguimosDefinhando pessoas e destruindo vidas
Com esse nosso pobre poder mesquinha e invalidador.