Tudo estava assim
Meio que abafado
Mas logo depois
Os pingos a terra se apresentaram
E inundaram aquela cidade
Que já não tinha pra onde sua água escoar
Mas, mesmo assim, insistia em chegar sorrateiro
Em golpes rasteiros
Na companhia dos ventos
Com velocidade descompassada e instável
E assim, depois de dias, continuava
O tempo fechado
O céu aparentemente azulado
E os resquícios ali, arrastados
Levados pela enxurrada
Incontida e ininterrupta
Que sem ao menos esperar
Transbordava e, sem notar, levava tudo
Inclusive o cabelo da mocinha que atravessava a rua
E o abrigo dos carentes como eu
De repente, noite fez-se dia
A temperatura já era tardia
E o que era uma tarde vazia
Transformava buracos e poças em sorrisos
Deixando apenas pegadas
Inerentes, inocentes
Uma areia molhada
Com rastros que aos poucos não se reconhecem e desaparecem
2 comments:
Versos molhados
metáfora
tua poesia
correntezas
Eu a acompanhar-te
amor
te acompanho para que sempre me reconheças.
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